Ultimamente
a Sede MIRC vem recebendo eventos, com som e atitude voltados para o
público Punk e Skin. Também abriu portas para o blues, música
negra dos anos 60 e 70, entre outros.
Através
desse post queremos que os integrantes do projeto e roqueiros em
geral conheçam um pouco sobre essas novas vertentes adotadas pelo
projeto MIRC, e desmistificar alguns conceitos sobre esses gêneros.
Em
1958, na Jamaica, artistas começam a misturar a música negra
norte-americana ''Boogie’’, ''Rythym & Blues’’ de Nova
Orleans com os estilos tradicionais da ilha. Essa mistura foi
evoluindo até se converter no que se denominou SKA. Esse ritmo tinha
duas características principais: a forma energética como era
dançada e os Rude Boys. O Rude Boy pode ser considerado o Skinhead
primitivo pelo seu modo requintado de se vestir, imitando seus ídolos
de filmes de Gangster.
Em
1962 a Jamaica consegue a independência da Grã-Bretanha, durante
esse período, muitos jovens jamaicanos emigraram para a Grã-Bretanha
e com eles a sua música. Estes Rude Boys juntaram-se aos MODS
(abreviatura de modernists). Os
Mods eram uma galera que deu muito que falar no início dos anos 60,
que curtia lambretas, música negra norte americana (Soul, Rythym &
Blues) e a jamaicana Ska, roupas alinhadas o visual deles era muito
peculiar para a época.
Com
o tempo, o Mod se dividiu entre o pessoal mais intelectual, refinado,
"cool"; e o pessoal mais das ruas. Os mais "artistas",
apelidados de "Mods de escola de arte", acabaram dando
origem ao psicodelismo (membros de bandas como The Who e Pink Floyd
eram mods antes de virarem "psicodélicos"). Os
mais "rueiros" tinham um visual simples do mod original,
deixando o cabelo cada vez mais curto e adotando as botas e
suspensórios como uniforme, enfatizando sua condição de classe
trabalhadora dessa forma foram apelidados de Skinheads, ‘’Cabeças
Raspadas’’.
Os Mods quase desapareceram como movimento juvenil
massivo na década de 70, porém os mais fiéis seguidores da música
negra e principalmente os que pertenciam a famílias de classe
operária rejeitaram essa onda de hippies, e passaram a serem
denominados HARD MODS. Rude boys e Hard Mods misturavam-se nas ruas
inglesas, pubs e festas e como fusão de ambas as culturas surgiram
os primeiras Skinheads.
O
movimento skinhead que tomara força (devido em parte à sua oposição
aos hippies, que consideravam filhinhos de papai da classe média e
afastados da realidade), foi enfraquecendo junto ao ska e
outras músicas jamaicanas. Em meados de 70 enquanto o desemprego e a
desesperança cresciam, surgia um novo estilo de música, o PUNK
ROCK, que infectou as ruas e criou um estilo de vida próprio,
nasceram os PUNKS. Os skinheads logo se interessaram por este novo
estilo musical. Pode-se dizer que na época existiam dois tipos de
skinheads, os tradicionais chamados de “Spirit of 69” e os da era
Punk.
No
final de 77 e começo de 78, acontece um racha no movimento punk,
parte do movimento segue um direcionamento mais "artístico"
(originando o Pós- Punk, New Wave, Gótico, etc), e outros pegam
mais o lado agressivo, rueiro e suburbano o "Street Punk".
Essa leva de punks mais "crus". Os mesmos acabaram por ser
denominados como Oi! inspirado no tema Oi! Oi! Oi! da banda COCKNEY
REJECTS. Desta forma, começa a se multiplicar uma nova geração de skins,
influenciados pelo punk e ouvinte de punk rock com um visual menos
bem arrumado do que os skins originais.
Eis
que os skins voltam a ser uma visão comum nas ruas de Londres, e em
shows punks. No final dos anos 70, surge o movimento 2 Tone. O 2 Tone
("2 tons", ou seja, branco e preto, anti-racismo) era o
nome dado à nova geração de bandas de ska e seus seguidores. As
bandas 2 Tone eram influenciadas pelo som skinhead original.
Enquanto
a 2 Tone estava combatendo o racismo e o fascismo através do ska, a
extrema direita (em especial o "National Front") começava
a se aproximar dos skinheads mais ignorantes. Enquanto o Sham 69 e
outras bandas street punk com fãs skins tocavam em festivais
chamados "Rock Against Racism" (rock contra o racismo),
organizados por partidos de esquerda, o National Front cria sua
própria organização, o "Rock Against Communism", para
apoiar bandas de extrema direita. Diante
da aproximação da extrema direita fez com que a tentativa dos
punks
e também dos skins de provocarem à sociedade levasse-os a cometer
erros como o de "enfeitarem-se" com símbolos nazistas.
Embora fosse somente para provocar ou para parecer ser o mais “mau”.
Os partidos fascistas ingleses como o National Front aproveitando
este exibicionismo punk e skin, e espalhando confusas mensagens
nacional-socialistas para os operários, conseguem assimilar skins e
punks (esses últimos em menor medida) na ultradireita. Aliás, estes
partidos eram os únicos a ver os skinheads como indivíduos com
valor e pareciam dar-lhes um futuro, pois a sociedade via os
skinheads como corja de classe operária sem valor e que só causavam
danos à sociedade.
A
National Front consegue que as suas juventudes fascistas se vejam
refletidas na estética skin (cabelo curto, botas,...) e acabam
adotando-a em 1980-1981, também havia nazi-punks, mas foram em menor
número, pois a sua imagem não ficava bem com as suas idéias. Tudo
isso foi apoiado pelos meios de comunicação que se importavam mais
com o sensacionalismo do que com a veracidade das notícias, dessa
forma nasce o skinhead neo-nazista que é tão conhecido mundo afora.
Muitos
skins opuseram-se, tendo idéias opostas aos nazi-fascistas, nascendo
assim os REDSKINS (Skinheads comunistas e anarquistas). Ao passar do
tempo, eram mais os nazistas a se disfarçarem de skins, em boa parte
devido aos meios de comunicação que espalharam esta falsa imagem
dos skins por todo o mundo.
Hoje
em dia, há pelo menos 3 tipos de skinhead pelo mundo afora (no
Brasil a cena é um pouco diferente). A
maioria deles são os chamados "tradicionais", que
acreditam nos valores originais do skinhead. Muitos são o que se
chama de "Espírito de 69", ou seja, procuram reproduzir
exatamente os skins dos anos 60 e ouvem reggae e ska. Outros são mais ligados ao Oi, e a maioria gosta tanto de Oi!, quanto de punk
77, reggae, ska, soul, etc... Todos são contrários ao racismo.
Há
também os skins engajados mais à esquerda, que podem ser S.H.A.R.P.
(Skin Heads Against Racial Prejudice, Skinheads Contra o Preconceito
Racial) (muitos se dizem apolíticos ou patriótas e não se juntam
com nacionalistas, e confrontam os nazis face a face) ou RASH (skins
anarquistas ou comunistas). Estes, convivem mais ou menos bem com os
tradicionais, e ouvem as mesmas coisas. Os mais politizados aderem ao
Rash, e os que aderem a o Sharp, passaram a se denominar
tradicionais, ou apenas skinheads.
Os
Skins Nazistas e em geral, preferem um visual bem militarizado, camisas com dizeres nazistas, símbolos como a
cruz celta, cruz de ferro do exército alemão, bandeira dos
confederados e tudo que faz alusão à raça branca, curtem som
diferente (puxado para o hard rock). São igualmente detestados pelos
tradicionais, sharps e rash. Em comum somente tem o
nome
já que não tem nada da essência skinhead.
O
que acontece no Brasil, por exemplo, é um fenômeno exclusivo de
nossas terras: ‘’os Carecas’’ que surgiram por aqui no
princípio da década de 80, muitos sem ter um vasto conhecimento das
origens do movimento skinhead se apegaram ao extremismo de direita,
inclusive se auto-intitulando ‘’Careca’’ ao invés de
skinhead, por se tratar de um termo da língua inglesa, e eles os
Carecas se intitulam nacionalistas, a verdade é que atos isolados
que ocorrem, em sua maioria no Sul
do país, com carecas brigando contra Punks não tem nada a ver
com a verdadeira essência do Oi!, uma vez que o movimento surgiu
através da fusão da música punk com ideais skinheads, é
totalmente incoerente essa postura, porque o movimento Oi! preza pela
união dos punks com os skins para uma luta consciente contra o que
abominamos no sistema, corrupção por exemplo no governo e na
sociedade de uma forma geral.
Então é isso galera, se verem os punks, Skinheads e a galera mais voltada para os Mods juntas e curtindo o mesmo som, não estranhem, pois eles possuem muito em comum.
Mais uma vez o Projeto MIRC abre espaço para todos os estilos, Rock para Todos!
Resenha
Fontes:
Wikipedia: (https://pt.wikipedia.org/wiki/Skinhead)
Documentário ‘’Skinhead Attitude’’.
Autor: Daniel Schweizer.
Ano de lançamento 2003.
Autor: Daniel Schweizer.
Ano de lançamento 2003.
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