quarta-feira, setembro 09, 2015

Punks e Skinheads, desmistificando opiniões sobre esses gêneros



Ultimamente a Sede MIRC vem recebendo eventos, com som e atitude voltados para o público Punk e Skin. Também abriu portas para o blues, música negra dos anos 60 e 70, entre outros.

Através desse post queremos que os integrantes do projeto e roqueiros em geral conheçam um pouco sobre essas novas vertentes adotadas pelo projeto MIRC, e desmistificar alguns conceitos sobre esses gêneros.

Em 1958, na Jamaica, artistas começam a misturar a música negra norte-americana ''Boogie’’, ''Rythym & Blues’’ de Nova Orleans com os estilos tradicionais da ilha. Essa mistura foi evoluindo até se converter no que se denominou SKA. Esse ritmo tinha duas características principais: a forma energética como era dançada e os Rude Boys. O Rude Boy pode ser considerado o Skinhead primitivo pelo seu modo requintado de se vestir, imitando seus ídolos de filmes de Gangster.

Em 1962 a Jamaica consegue a independência da Grã-Bretanha, durante esse período, muitos jovens jamaicanos emigraram para a Grã-Bretanha e com eles a sua música. Estes Rude Boys juntaram-se aos MODS (abreviatura de modernists). Os Mods eram uma galera que deu muito que falar no início dos anos 60, que curtia lambretas, música negra norte americana (Soul, Rythym & Blues) e a jamaicana Ska, roupas alinhadas o visual deles era muito peculiar para a época.

Com o tempo, o Mod se dividiu entre o pessoal mais intelectual, refinado, "cool"; e o pessoal mais das ruas. Os mais "artistas", apelidados de "Mods de escola de arte", acabaram dando origem ao psicodelismo (membros de bandas como The Who e Pink Floyd eram mods antes de virarem "psicodélicos"). Os mais "rueiros" tinham um visual simples do mod original, deixando o cabelo cada vez mais curto e adotando as botas e suspensórios como uniforme, enfatizando sua condição de classe trabalhadora dessa forma foram apelidados de Skinheads, ‘’Cabeças Raspadas’’.

Os Mods quase desapareceram como movimento juvenil massivo na década de 70, porém os mais fiéis seguidores da música negra e principalmente os que pertenciam a famílias de classe operária rejeitaram essa onda de hippies, e passaram a serem denominados HARD MODS. Rude boys e Hard Mods misturavam-se nas ruas inglesas, pubs e festas e como fusão de ambas as culturas surgiram os primeiras Skinheads. 

O movimento skinhead que tomara força (devido em parte à sua oposição aos hippies, que consideravam filhinhos de papai da classe média e afastados da realidade), foi enfraquecendo junto ao ska e outras músicas jamaicanas. Em meados de 70 enquanto o desemprego e a desesperança cresciam, surgia um novo estilo de música, o PUNK ROCK, que infectou as ruas e criou um estilo de vida próprio, nasceram os PUNKS. Os skinheads logo se interessaram por este novo estilo musical. Pode-se dizer que na época existiam dois tipos de skinheads, os tradicionais chamados de “Spirit of 69” e os da era Punk.


No final de 77 e começo de 78, acontece um racha no movimento punk, parte do movimento segue um direcionamento mais "artístico" (originando o Pós- Punk, New Wave, Gótico, etc), e outros pegam mais o lado agressivo, rueiro e suburbano o "Street Punk". Essa leva de punks mais "crus". Os mesmos acabaram por ser denominados como Oi! inspirado no tema Oi! Oi! Oi! da banda COCKNEY REJECTS. Desta forma, começa a se multiplicar uma nova geração de skins, influenciados pelo punk e ouvinte de punk rock com um visual menos bem arrumado do que os skins originais.

Eis que os skins voltam a ser uma visão comum nas ruas de Londres, e em shows punks. No final dos anos 70, surge o movimento 2 Tone. O 2 Tone ("2 tons", ou seja, branco e preto, anti-racismo) era o nome dado à nova geração de bandas de ska e seus seguidores. As bandas 2 Tone eram influenciadas pelo som skinhead original.

     Enquanto a 2 Tone estava combatendo o racismo e o fascismo através do ska, a extrema direita (em especial o "National Front") começava a se aproximar dos skinheads mais ignorantes. Enquanto o Sham 69 e outras bandas street punk com fãs skins tocavam em festivais chamados "Rock Against Racism" (rock contra o racismo), organizados por partidos de esquerda, o National Front cria sua própria organização, o "Rock Against Communism", para apoiar bandas de extrema direita. Diante da aproximação da extrema direita fez com que a tentativa dos 
punks e também dos skins de provocarem à sociedade levasse-os a cometer erros como o de "enfeitarem-se" com símbolos nazistas.

Embora fosse somente para provocar ou para parecer ser o mais “mau”. Os partidos fascistas ingleses como o National Front aproveitando este exibicionismo punk e skin, e espalhando confusas mensagens nacional-socialistas para os operários, conseguem assimilar skins e punks (esses últimos em menor medida) na ultradireita. Aliás, estes partidos eram os únicos a ver os skinheads como indivíduos com valor e pareciam dar-lhes um futuro, pois a sociedade via os skinheads como corja de classe operária sem valor e que só causavam danos à sociedade.

A National Front consegue que as suas juventudes fascistas se vejam refletidas na estética skin (cabelo curto, botas,...) e acabam adotando-a em 1980-1981, também havia nazi-punks, mas foram em menor número, pois a sua imagem não ficava bem com as suas idéias. Tudo isso foi apoiado pelos meios de comunicação que se importavam mais com o sensacionalismo do que com a veracidade das notícias, dessa forma nasce o skinhead neo-nazista que é tão conhecido mundo afora.

Muitos skins opuseram-se, tendo idéias opostas aos nazi-fascistas, nascendo assim os REDSKINS (Skinheads comunistas e anarquistas). Ao passar do tempo, eram mais os nazistas a se disfarçarem de skins, em boa parte devido aos meios de comunicação que espalharam esta falsa imagem dos skins por todo o mundo. 
 
Hoje em dia, há pelo menos 3 tipos de skinhead pelo mundo afora (no Brasil a cena é um pouco diferente). A maioria deles são os chamados "tradicionais", que acreditam nos valores originais do skinhead. Muitos são o que se chama de "Espírito de 69", ou seja, procuram reproduzir exatamente os skins dos anos 60 e ouvem reggae e ska. Outros são  mais ligados ao Oi, e a maioria gosta tanto de Oi!, quanto de punk 77, reggae, ska, soul, etc... Todos são contrários ao racismo. Há também os skins engajados mais à esquerda, que podem ser S.H.A.R.P. (Skin Heads Against Racial Prejudice, Skinheads Contra o Preconceito Racial) (muitos se dizem apolíticos ou patriótas e não se juntam com nacionalistas, e confrontam os nazis face a face) ou RASH (skins anarquistas ou comunistas). Estes, convivem mais ou menos bem com os tradicionais, e ouvem as mesmas coisas. Os mais politizados aderem ao Rash, e os que aderem a o Sharp, passaram a se denominar tradicionais, ou apenas skinheads.
 

Os Skins Nazistas e em geral, preferem um visual bem militarizado, camisas com dizeres nazistas, símbolos como a cruz celta, cruz de ferro do exército alemão, bandeira dos confederados e tudo que faz alusão à raça branca, curtem som diferente (puxado para o hard rock). São igualmente detestados pelos tradicionais, sharps e rash. Em comum somente tem o nome já que não tem nada da essência skinhead.

O que acontece no Brasil, por exemplo, é um fenômeno exclusivo de nossas terras: ‘’os Carecas’’ que surgiram por aqui no princípio da década de 80, muitos sem ter um vasto conhecimento das origens do movimento skinhead se apegaram ao extremismo de direita, inclusive se auto-intitulando ‘’Careca’’ ao invés de skinhead, por se tratar de um termo da língua inglesa, e eles os Carecas se intitulam nacionalistas, a verdade é que atos isolados que ocorrem, em sua maioria no Sul do país, com carecas brigando contra Punks não tem nada a ver com a verdadeira essência do Oi!, uma vez que o movimento surgiu através da fusão da música punk com ideais skinheads, é totalmente incoerente essa postura, porque o movimento Oi! preza pela união dos punks com os skins para uma luta consciente contra o que abominamos no sistema, corrupção por exemplo no governo e na sociedade de uma forma geral.

Então é isso galera, se verem os punks, Skinheads e a galera mais voltada para os Mods juntas e curtindo o mesmo som, não estranhem, pois eles possuem muito em comum.

Mais uma vez o Projeto MIRC abre espaço para todos os estilos, Rock para Todos!



Resenha



Fontes:


Documentário ‘’Skinhead Attitude’’.
Autor: Daniel Schweizer.
Ano de lançamento 2003.  


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